O relatório divulgado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) revela um cenário alarmante de conflitos agrários em Goiás e em outras regiões do país
O deputado Mauro Rubem (PT) repercutiu os dados do relatório Conflitos no Campo 2024 durante discurso na tribuna do Plenário Iris Rezende Machado, na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego).
Em seu discurso, o parlamentar destacou a persistência de práticas abusivas no campo, como o trabalho análogo à escravidão, o desvio das forças policiais militares para realizar proteção de forma ilegal e irresponsável em conflitos por terra e o uso indiscriminado de agrotóxicos.
De acordo com o deputado, somente em Goiás — conhecido nacionalmente por seu agronegócio moderno — 83 trabalhadores foram resgatados de condições degradantes, caracterizadas como trabalho escravo contemporâneo.
“O modelo do agronegócio, apesar da alta tecnologia, tem usado, cada vez mais, práticas análogas à escravidão. Em Goiás, trabalhadores foram resgatados no chamado campo moderno e desenvolvido”, enfatizou.

Outro dado apresentado pelo legislador fez referência ao aumento dos conflitos pela posse da terra. Só neste ano, 276 conflitos atingiram cerca de 17 mil famílias em todo o país. Ele também criticou o uso indiscriminado de agrotóxicos em lavouras próximas a escolas.
Fazendeiros estariam utilizando aviões agrícolas e drones para lançar agrotóxicos sobre casas e escolas, como forma de expulsar trabalhadores rurais de seus territórios. Rubem alertou para a atuação de um setor do agronegócio que classificou como “tóxico, atrasado e violento”.
O deputado diz que é necessário retomar o debate sobre a reforma agrária, o uso da terra de forma coletiva, o plantio agroecológico e a substituição do modelo atual de agronegócio, que, segundo ele, “não gera desenvolvimento, apenas concentração de riquezas”.
LEI: Mauro Rubem é o autor da Lei nº 2.209/23, que instituiu a Política Estadual de Combate ao Trabalho Escravo em Goiás.